metro_geralPorque lutam os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa? Este foi o mote dado à acção de informação e propaganda que a FECTRANS realizou em dez estações do METRO, junto de milhares de utentes no Metropolitano de Lisboa. Foi uma acção que teve como objectivo esclarecer os utentes sobre a justeza da luta dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa em defesa de uma empresa ao serviço do povo e do país! Exigem o fim da agiotagem e da especulação.

 

Sabemos que a nossa luta lhe tem causado inconvenientes, mas temos consciência que estes são proporcionais à satisfação que o nosso trabalho lhe proporciona todos os dias.

Como vivemos num país onde a comunicação social não informa com verdade, somos obrigados a dirigir- lhe este comunicado para lhe explicar das razões da nossa luta, e para contrariar as mentiras todos os dias repetidas sobre a nossa empresa.

Começamos pelas razões da nossa luta.

Não fomos nós quem provocou a situação que se vive em Portugal. Não temos acções do BPN, não enriquecemos com a especulação, não comprámos submarinos nem mandámos construir estádios de futebol, não mandámos encerrar fábricas para passar a comprar no estrangeiro. Somos trabalhadores, e trabalhamos todos os dias para garantir o funcionamento do Metro de Lisboa, 24 horas sobre 24 horas. E trabalhamos cada vez mais - para ter uma ideia, em 1997 havia 77 trabalhadores do Metro por cada quilómetro de linha em funcionamento hoje somos apenas 41 por cada quilómetro; Em 1997, cada trabalhador do Metro equivalia a 76 000 passageiros transportados, hoje equivale a 108 000! Com o Orçamento de Estado para 2011 o Governo PS e o PSD decidiram que tínhamos que ser nós a pagar as erradas opções que eles vêem implementando. E decidiram rever unilateralmente o nosso contrato de trabalho, roubando-nos descaradamente no salário e noutras compensações.

Fizeram muita propaganda de que se tratava de um corte de 5% médio, e só nos salários acima dos 1500
Euros. Isso já seria inaceitável, mas era mais uma das mentiras deles. Nesta empresa, há trabalhadores cujo corte real nos salários ultrapassa os 15%. Fomos para a luta por três razões: porque estávamos face a uma injustiça gritante, e à ilegal violação dos nossos direitos; porque sabíamos que estas medidas não resolviam nenhum problema do país (como não resolveram!); e porque sabíamos que depois destes cortes novos cortes viriam, numa espiral determinada pela gula dos especuladores financeiros, autênticos parasitas que infestam o nosso país.

E vamos continuar a lutar. Porque temos a plena consciência que o nosso futuro e o futuro de Portugal não passa pela redução dos salários e dos direitos dos trabalhadores para alimentar os especuladores nacionais e internacionais, mas sim por uma mudança de rumo que só a luta de todos - incluindo a sua! - poderá concretizar.

A Verdade sobre a nossa Empresa

Sobre as empresas públicas dizem-se todos os dias milhares de mentiras, amplificadas por uma comunicação social sem jornalistas que investiguem a realidade e que se limitam a difundir a propaganda que interessa aos grandes grupos económicos.

Você já ouviu falar muitas vezes da dívida do Metropolitano de Lisboa. É uma realidade de tal forma pesada que o Metro paga hoje mais de juros à banca que de salários (apesar de todos os dias lhe insinuarem que são os nossos salários a causa dessa dívida, o que é mentira). O que não lhe explicam nunca é como uma empresa que na exploração é já rentável continua a acumular prejuízos e a aumentar a dívida. Vamos tentar explicar- lhe, começando por lhe lembrar que em 1997, apenas 13% das despesas do Metro eram com encargos financeiros, e hoje passaram a ser 37,5%!

A maior parte da dívida do Metro é resultado das ampliações da rede concretizadas depois de 1998. É que os governos decidiram essas ampliações, decidiram o quando e o como, até vieram inaugurá-las, mas não as pagaram! Os governos decidiram que essas ampliações deveriam ser pagas pela nossa empresa recorrendo a empréstimos bancários avalizados pelo Estado. E estamos a falar de obras de centenas de milhões de euros cada, como sejam a expansão da rede de Metro à Amadora, a Odivelas e a Santa Apolónia, a ligação da linha vermelha a São Sebastião, e as obras actualmente em curso de expansão à Reboleira e ao Aeroporto.

Esta mesma realidade é reconhecida pelo Tribunal de Contas - mas escondida dos utentes. É que esta política criminosa, serviu para os governos esconderem anos a fio a verdadeira dimensão do deficit, serviu para a banca ganhar umas centenas de milhões de euros com um cliente avalizado pelo Estado, e serve agora como desculpa para impor a entrega da exploração do Metropolitano aos grupos económicos privados (depois da dívida ser paga, os salários reduzidos e os preços aumentados).

Sendo esta a grande razão para a dívida do Metropolitano, outras razões existem para a realidade financeira da empresa. E damos-lhe mais um exemplo, apontado igualmente pelo Tribunal de Contas: o Metro é roubado a cada ano em 12 milhões de euros das receitas do passe social, um roubo feito pelo Estado que desvia esse dinheiro para as rodoviárias privadas de passageiros. O mecanismo deste roubo é simples, e denunciado pelo próprio Tribunal de Contas: as receitas ainda são divididas tendo como base a circulação de passageiros do ano de 1991 (sim, não é engano, 1991!). Ora desde essa altura, os operadores públicos realizaram investimentos e alargaram a rede (com destaque para o Metro), e os privados reduziram oferta e serviços. Também aqui os governos optaram por beneficiar os privados em prejuízo das empresas públicas.

Podíamos dar-lhe mais exemplos. Mas estes parecem-nos suficientes para concluir que o problema do Metro não é ser uma empresa pública nem são os salários dos seus trabalhadores. É antes o facto de que quem tem recebido do povo a responsabilidade de gerir as empresas públicas ter abdicado desse mandato e ter sistematicamente implementado opções que beneficiam os interesses privados da banca e dos grandes grupos económicos à custa do interesse público.

Agora, com a Troika, o FMI e quejandos preparam-se para aplicar a mesma receita que há anos vêm aplicando - reduzir salários, privatizar, aumentar os custos para os utentes. Contam para isso com uma máquina de propaganda monumental.

Pela nossa parte, queremos informá-lo de que vamos resistir - em nome dos nossos direitos e das nossas famílias, mas também em nome da nossa empresa, do serviço público que realizamos e de que nos orgulhamos, e do futuro do nosso país.

E apelamos a si, utente do Metropolitano de Lisboa, cidadão da República Portuguesa, a que resista connosco!

Portugal tem futuro, mas precisa de mudar de rumo, precisa que o povo e os trabalhadores portugueses travem a ofensiva em curso e imponham de novo o interesse público na administração do Estado!

As Organizações Sindicais do Metropolitano de Lisboa
FECTRANS-STTM-SITRA-FETESE